Você sabe o que é Botulismo?
O botulismo é uma doença neuroparalítica que afeta o sistema nervoso periférico. Trata-se de uma condição extremamente grave e rara, que requer cuidados médicos e de saúde pública urgentes. Sem tratamento em uma UTI, a pessoa pode falecer em poucas horas ou dias em decorrência da paralisia de seus órgãos vitais. Um dos principais desafios no diagnóstico dessa doença é a baixa suspeita por parte dos médicos, o que pode atrasar o acesso à antitoxina, o único tratamento eficaz para neutralizar os efeitos do botulismo.
Classificada sob o CID 10 como A05.1, a doença do botulismo é ‘prima’ do tétano (causado pelo Clostridium tetani). Sua notificação é obrigatória aos órgãos de vigilância sanitária, que devem disponibilizar soro antibotulínico mesmo diante da suspeita de apenas um caso. Após essa fase crítica, a recuperação do paciente com botulismo exige tempo, dedicação e acompanhamento multidisciplinar para o retorno da respiração sem auxílio de aparelhos e superar a tetraplegia.
A bactéria Clostridium botulinum encontra-se em ambientes como solo, ar, poeira e em uma variedade de alimentos cultivados no chão, como raízes, ervas, vegetais, frutas e verduras, além de estar presente no pólen. Embora essas bactérias não representem uma ameaça em condições normais, em ambientes favoráveis, como aqueles com baixa acidez, baixo teor de sal e açúcar, uma certa umidade, e pH acima de 4,6, elas podem se proliferar e produzir a toxina mais potente conhecida, levando ao botulismo.
Existem oito sorotipos diferentes de toxina botulínica (BoNT): A, B, C1, C2, D, E, F e G, e cinco variantes de botulismo:
1. Botulismo alimentar: ocorre ao ingerir alimentos contaminados com a toxina. Nos últimos anos, mais de 55 tipos de alimentos foram associados a surtos dessa doença no mundo.
2. Botulismo infantil: resulta da ingestão da bactéria, que se desenvolve no intestino da criança. Fatores comuns incluem mel e poeira.
3. Botulismo por feridas: a bactéria entra em contato com feridas abertas, como úlceras, lesões traumáticas, feridas cirúrgicas ou por meio do uso de drogas injetáveis (como heroína) ou inalatórias (como cocaína).
4. Botulismo intestinal: a bactéria cresce no intestino de adultos sob certas condições de microbiota, como na Doença de Crohn.
5. Botulismo iatrogênico: resulta da aplicação de toxina botulínica (botox), que pode ocorrer tanto em contextos terapêuticos quanto estéticos, sendo potencializada pelo uso indevido, doses excessivas ou produtos falsificados.
Um único caso é considerado um surto, representando risco para a saúde coletiva. A gravidade da doença pode variar, com estimativas indicando que 10% dos casos de botulismo são fatais. No entanto, acredita-se que menos de 50% dos casos sejam diagnosticados, o que apresenta um desafio global, com subnotificações, descrédito por parte de governos e a relutância dos sobreviventes em compartilhar suas experiências.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA são a referência mundial para informações sobre o botulismo, registrando ocorrências desde 1889 - um século antes do Brasil - que começou a notificar casos em 2001. O primeiro surto documentado ocorreu no século XVIII, em 1793, quando o médico holandês Frederick Ruysch identificou sintomas de paralisia em pacientes que consumiram linguiça mal conservada. O segundo grande surto foi com salsichas contaminadas originando o nome botulismo, pois em latim salsicha significa botulus.
No Brasil, o botulismo é listado como uma doença de notificação obrigatória. Assim, cabe aos médicos informarem as autoridades de saúde sobre casos suspeitos ou confirmados à Vigilância Sanitária e Epidemiológica, conforme a Lei n. 6259/75. O Dr. Dráuzio Varella é uma figura importante para orientações sobre o botulismo, com informações disponíveis no site do Ministério da Saúde (https://bvsms.saude.gov.br/botulismo/). Recomendo a leitura desse portal.
Doralice Goes, sobrevivente, estudiosa do botulismo e palestrante.
Sobreviventes do Botulismo
NO BRASIL E NO MUNDO
O botulismo é uma condição alarmante. Em um instante, estávamos vivendo nossas vidas normalmente, e no seguinte, nos tornamos tetraplégicos — mesmo que temporariamente. Embora a recuperação possa ser plena, ela requer tempo, esforço, fisioterapia, paciência e uma forte determinação para viver. Quando nos encontramos presos em nossos próprios corpos, sem poder nos comunicar ou nos mover, familiares e médicos muitas vezes acreditam que estamos inconscientes. No entanto, na maior parte do tempo, ouvimos tudo ao nosso redor, mesmo que não tenhamos a força para abrir os olhos.
Descubra alguns sobreviventes do botulismo que enfrentaram essa difícil situação. Cada jornada é um testemunho de superação e resiliência, e cada história é singular e conversamos a respeito do que passamos​
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DORALICE
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ANDRÉ
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RITA
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JUBILEE
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ANDERSON
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TAÍSA
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LUISA
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TAINNY
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LEONARDO
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ALICIA HALLOCK
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BRUNA
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FANNY
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MATHIEU
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​NATÁLIA FRANÇA
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​ANA BIAZINI
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CADELA AKITA
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​JEANDERSON.
CASOS REGISTRADOS NO BRASIL
(dados oficiais)
O Blog FOODSAFETYBRAZIL brilhantemente reuniu uma trilogia sobre a história da palestrante Doralice Goes, do momento da compra do produto aos dias atuais, após sobreviver ao botulismo alimentar. Saiba qual foi o alimento ingerido, a jornada hospitalar, as sequelas enfrentadas e sua nova missão em levar conscientização à indústria e hospitais sobre a segurança dos alimentos atualmente consumidos. Confira na íntegra.
A HISTÓRIA DE DORALICE GOES - PALESTRANTE
CHAT GPT COPILOT BASEADO NA TECNOLOGIA GPT DA OPENAI, EM 26/04/24.
A história de Doralice Goes é um relato impressionante sobre os perigos do botulismo e sua incrível jornada de sobrevivência. Vou compartilhar os detalhes com você:
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O Alimento Ingerido:
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Doralice, uma servidora pública de 46 anos, comprou um molho pesto artesanal em uma feira local em Brasília no dia 31 de dezembro de 2020.
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Ela estava seguindo uma dieta restritiva e consumiu o molho em 23 de janeiro de 2021.
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O molho veio em um vidro lacrado, mas sem data de validade. Infelizmente, ela não foi informada de que deveria consumir o produto naquela semana1.
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A Jornada Hospitalar:
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Dois dias após ingerir o molho, Doralice começou a sentir fraqueza e formigamento nas mãos e pés.
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Ela dirigiu até o hospital, mas suas pernas pararam de funcionar ao estacionar o carro. Com a ajuda de um funcionário, ela chegou à porta do hospital.
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Meia hora depois, sua respiração parou, e ela foi entubada. Todos os órgãos pararam, exceto o coração e o cérebro.
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Conscientização e Missão:
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Após essa experiência traumática, Doralice se tornou uma defensora da conscientização sobre o botulismo.
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Ela compartilha sua história para alertar sobre os riscos de alimentos contaminados e a importância da segurança alimentar.
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Sua missão é educar as pessoas sobre como prevenir essa doença rara e potencialmente fatal1.
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A história de Doralice Goes serve como um lembrete crucial para todos nós sobre a necessidade de verificar a procedência e a validade dos alimentos que consumimos. A conscientização é fundamental para evitar tragédias como essa.
1: Marie Claire - Fiquei tetraplégica após comer alimento com bactéria rara e hoje ajudo na conscientização sobre botulismo