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Sou Doralice Goes

Sobrevivi ao botulismo em 2022

Estudo a doença

Palestro a respeito

Você já ouviu falar de Botulismo?

Sou Doralice Goes

Você sabia que um único alimento contaminado pode provocar botulismo e levar à morte do consumidor em poucos dias? Além da famosa "doença do palmito", já encontrei mais de 50 alimentos relacionados a casos de botulismo em diversas partes do mundo. Como pesquisadora dedicada ao estudo dessa enfermidade grave, rara e potencialmente fatal, frequentemente compartilho meu conhecimento sobre o assunto. Vale ressaltar que em 2022 tive uma experiência pessoal com o botulismo, passando 314 dias na UTI. Desde agosto de 2023, já ministrei mais de 30 palestras, contribuindo para a segurança dos alimentos.

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BOTULISMUm risco invisível à vida.
Conheça 74 casos e 8 recalls recentes que mostram a urgência de
enfrentar essa ameaça global. Autora 
Doralice Goes

A autora compartilha sua luta para sobreviver ao botulismo, uma condição que desafiou todos os aspectos de sua existência — enfrentou a tetraplegia total, reaprendeu a respirar, falar, comer e andar. Agora, transforma sua experiência em um grito de alerta, reunindo neste compêndio 74 ocorrências da doença negligenciada e assustadora ao redor do mundo, que pode estar mais próxima de nós do que imaginamos.

 

O objetivo é salvar vidas, conscientizando sobre a prevenção e os perigos da bactéria Clostridium botulinum, revelando que ela não respeita barreiras — afetando tanto comunidades vulneráveis quanto sociedades desenvolvidas, sem silenciar as subnotificações. A urgência das informações deixa o leitor perplexo, levando-o a questionar não só a segurança de seus alimentos, mas também a responsabilidade coletiva em evitar novos surtos. Prepare-se para uma leitura que informará, provocará e, acima de tudo, inspirará mudanças.

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Já imaginou passar 1 ano na UTI?

Meu nome é Doralice, tenho 48 anos e sou natural de Brasília/DF. Em 2022, passei 314 dias na UTI, de janeiro a dezembro, devido ao botulismo alimentar que quase me custou a vida. Fiquei tetraplégica, com plena consciência, mas incapaz de me comunicar. Durante nove meses, precisei de respiração artificial, além de ter passado por plasmaferese, hemodiálise, drenagem pulmonar, transfusões de sangue e uso de sonda para me alimentar e urinar, enfrentando várias complicações. A sobrevivência foi uma luta difícil, já que, inicialmente, os médicos não conseguiam entender o meu quadro. Contudo, graças a um neurologista especializado em botulismo, consegui o diagnóstico correto e recebi a antitoxina para combater essa doença rara, grave e frequentemente fatal.

 

A Vigilância Sanitária do Centro Oeste foi acionada e coletou amostras dos alimentos que consumi, que foram enviadas ao Laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo. Após 60 dias, foi detectada a presença do botulismo tipo A no molho pesto artesanal que comprei em uma feira de produtos orgânicos. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal registrou três ocorrências na cidade (em 2001, 2018 e 2022), mas há casos de subnotificados, e sinto que é meu dever não ficar em silêncio diante dessa realidade.

 

A reabilitação começou logo após minha alta hospitalar, e em 2023 dediquei-me a ela todos os dias. Consegui superar a tetraplegia e, após quatro meses utilizando andador, me tornei uma pessoa com deficiência, apresentando paraparesia. Minha vida se transformou completamente e entre sequelas, catarata em ambos os olhos, dores neuropáticas e uma dívida de R$400.000,00 em coparticipação. Estou aqui para contar essa história e para promover a conscientização de que o botulismo é real e os alimentos precisam ser cada vez mais seguros.

 

Durante os momentos difíceis na UTI, cercada por barulhos incessantes de equipamentos médicos, dores e desconforto, vivi experiências inesquecíveis como paciente. Cada pequena vitória se tornou significativa, principalmente em um momento tão fragilizado como o meu. Ver meus gatos na UTI me trouxe um grande conforto, como se um pedaço da minha vida anterior estivesse ali comigo. E sentir o sol e a água quente do chuveiro novamente, depois de sete meses, foram prazeres simples, mas que passaram a ter um valor imenso para mim. Ficar em pé, mesmo com o auxílio de uma máquina, após nove meses foi um marco na minha recuperação - um sinal de que estava progredindo e de que a saída da tetraplegia poderia ser possível.

 

Esses momentos me ensinaram que, mesmo nas situações mais desafiadoras, há motivos para sorrir e acreditar que tudo pode melhorar. A UTI foi um espaço repleto de desafios e aprendizados, mas também de superação e gratidão a Deus por estar viva, além da equipe multidisciplinar que acreditou na minha reabilitação. Comemorei cada pequena conquista e, ao olhar para trás, percebo o quanto cresci e me fortaleci. Tornei-me alguém mais resiliente e grata pela vida, e, por isso, falo abertamente sobre essa superação.

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